segunda-feira, 20 de abril de 2009

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Twitter e a pergunta temida: O que você está fazendo agora?

Depois de tanto ouvir falar do Twitter, resolvi, finalmente, entrar na onda do momento: seguir e ser seguido. Mas, espera aí...Como assim? É isso mesmo que você acabou de ler! A graça deste, vamos assim dizer, "serviço", está em saber a resposta para a pergunta que não quer calar: o que você está fazendo agora?
Até que, de repente, um usuário envia sua pequena mensagem, "online", para a comunidade do Twitter: "Estou seguindo a enlouquecida multidão, apenas seguindo..." Outros tantos usuários, simultanemente, enviam suas mensagens, formando uma conversa desconexa, sem pé nem cabeça:
"Estou fazendo meu dever de casa antes de ir dormir." - diz um. "Comi um bife suculento no almoço, mas não estou passando muito bem agora" - desabafa um glutão. "Alguém sabe que horas sai o próximo trem de alta velocidade?" - pergunta outro. "Estou procurando uns vôos baratos para Seattle" E, daí? - desdenha eu!! Como pude viver tanto tempo sem saber destas informações, gente?
Enquanto lia o que inúmeros desconhecidos "twittavam" (gravem este novo verbo!), pensava em algo interessante para responder àquela pergunta que não queria calar também em minha mente, ecoando como um mantra: "E você, Julie, o que está fazendo, agora?"
Ai, hum, veja bem...
Cheguei à conclusão de que não seria nada interessante dizer que estava, naquele momento, conectada na internet, via celular, acessando o Twitter. E o que eu tenho a ver com isso? - outros Seguidores diriam.
A verdade é que estamos com a síndrome da ânsia por informação. Seja ela qual for, queremos saber!!! Queremos saber, por exemplo, se um tal de Phil Morrit tomou cerveja com seu amigos hoje e se um fulano chamado Jordan Ballou está, neste minuto, com preguiça de atualizar seu Twitter. Estamos ansiosos em saber do novo "rehab" da Amy Winehouse, como está o rosto da cantora Rhianna após apanhar do namorado, do mais recente "affair" de Suzana Vieira, da possibilidade do jogador Adriano ir mesmo morar na favela... Não podemos perder nada, nenhum suspiro, nenhuma ida ao supermercado de uma celebridade, nenhuma troca de roupa das primeiras-damas Michelle Obama e Carla Bruni em eventos extra e oficiais também!
Acessamos, diariamente, páginas e mais páginas na web em busca de informações. Muitas delas, quiçá a maioria, pouco nos acrescenta. Há sites que sobrevivem publicando notícias irrelevantes, fazendo contagens regressivas para o apocalipse ou contando quantos lalalalalala´s Silvio Santos é capaz de cantar seguidamente (o link para o site são 18 lalalala´s mais o ponto com).
Então, subitamente, eis que leio a mais quente informação do último milionésimo de segundo de nosso tão efêmero presente: "Britney Spears quer um milhão de Seguidores no Twitter."
Não tenho dúvida de que ela conseguirá, pois quem vai querer perder a informação sobre seu mais "up to date" porre, ataque a fotógrafo ou briga pela guarda dos filhos?
Sim, queremos saber para esquecer logo em seguida, já que precisamos de espaço na nossa memória para outras tantas informações inúteis que virão no próximo instante.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Conefraternização


"Poke" é o nome do meu Kone preferido. Vocês devem estar achando que surtei ou que passei a falar em códigos, mas, de certa forma, há uma nova linguagem na gastronomia de fast-food carioca. Ou seria na gastronomia japonesa? É a onda da "konefraternização". Traduzindo: amigos se reúnem para comer kones. kones? Calma, não necessito de camisa-de-força.

Aliás, é possível encontrar os konemaníacos, todos amontadoados, a qualquer hora do dia e da noite, compartilhando seu vício na pequena lojinha da Av. Ataulfo de Paiva, no Leblon, onde funciona a temakeria "Kone". Para quem não é iniciado no assunto, temakis são aqueles enrolados de alga e arroz e outros ingredientes diversos, como atum, salmão, etc, no formato de um cone. Lá, nessa espécie de lanchonete japonesa, você pode escolher entre mais de uma dúzia de cones variados e de sobremesa pode ainda se deliciar com cones de arroz-doce. O preço é excelente, na faixa de 8 a 9 reais por unidade. Não é preciso nem usar os famosos "hashi" (palitinhos), basta mordê-lo como um sorvete de casquinha! Apesar de toda a informalidade, a qualidade da comida é garantida, assim como o retorno ao lugar.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

"A Divina" Garbo


Estou com os dois boxes de DVDs da coleção Greta Garbo. O primeiro deles abrange atuações do início da década de 30 como em "Mata Hari"(1932) , "Grande Hotel" (1932) e "Rainha Cristina"(1933). A segunda caixa nos presenteia com o vencedor do Festival de Veneza "Anna Karenina", a comédia "Ninotchka"e o drama lacrimoso "A dama das camélias".
Acompanhar, através de seus filmes, a trajetória dessa incrível atriz sueca, iniciada no cinema mudo e que se seguiu perfeitamente adaptada ao falado - talvez com a contribuição de sua voz marcante e sensual - é um deleite para qualquer cinéfilo.
Procurei assistir aos filmes obedecendo à ordem cronológica de produção, tendo eleito como meu preferido "A Dama das Camélias" (Camille - 1937), que teve anteriormente uma versão "muda". Achei fascinante a linguagem do cinema daquela época. Muitas técnicas gestuais típicas do cinema mudo e que eram essenciais para suprir a ausência sonora, ainda podem ser observadas nessa película. Começando pelo figurino, passando pelos acessórios, penteados e maquiagem bastante dramática, tudo privilegiava o exagero. Os atores, por exemplo, usavam maquiagem à la Chaplin, com olhos marcados à lápis e muito pó de arroz, conferindo um ar meio misógino aos personagens masculinos. As atrizes apresentavam sobrancelhas arqueadas e finas e lábios pintados além de seus limites. Nada, contudo, que não fosse compreensível nessa fase de adaptação do cinema falado.
"A Dama das Camélias" é um filme que retrata com exatidão o amor romântico, onde os personagens se amam loucamente quando se olham pela primeira vez e são capazes de abdicar de suas próprias vidas para garantir a felicidade do outro. A morte acaba sendo a única solução para a transcendência desse amor que enfrenta toda a sorte de obstáculos, como o pai que quer proteger o filho, uma doença fatal, o clamor preconceituoso da sociedade... (Oh, vida cruel!). No filme, Garbo é Margarite Gautier, uma cortesã de luxo que se apaixona perdidamente por um jovem futuro herdeiro de uma fortuna incalculável (Robert Taylor), sendo esse amor igualmente correspondido. Margarite se dispõe a abrir mão de sua vida promíscua e de muitas regalias em troca de sua grande paixão, mesmo necessitando de dinheiro para quitar dívidas. Porém, como se pode imaginar, esse amor não pode ser usufruído em sua plenitude, pois Margarite padece de uma doença fatal. A essa altura, diante de todos os ingredientes imprescindíveis para um drama autêntico, qualquer cinéfilo mais sensível (como eu) já está se debulhando em lágrimas. Mas o choro é só de satisfação quando se tem Greta Garbo no papel principal. Quem precisa de "happy end"?

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Prólogo para futuras postagens...

Não sei porque tenho um fascínio pelo passado e pelas coisas antigas. Fotografias do início do século anterior, em preto e branco e com parcos recursos tecnológicos me atraem muito mais do que aquelas que tiramos hoje em dia, com câmeras digitais de dez mega pixels. Filmes, quadros, músicas, objetos, tudo que se remete ao passado me encanta. Meus ídolos do cinema não são os atuais, mas James Dean, Burt Lancaster, Grecory Peck. E as divas? Só consigo lembrar de Greta Garbo, Rita Hayworth, Audrey Hepburn... O que será que explica essa minha alma saudosista? Como sentir saudades de uma época que não vivi, por exemplo? Só podemos sentir a falta de alguma coisa que tivemos a oportunidade de vivenciar, de conhecer, de experimentar? Somos frutos apenas de nossas lembranças? Ou somos mais, pois somos o que buscamos saber?

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

"Só deixo meu coração na mão de quem pode"


Chamada de Madame pelos íntimos e por sua banda, Kátia Bronstein - Kátia B. - arrebenta no DVD chamado lindamente de "Só deixo meu coração na mão de quem pode." Nele, a ex-integrante do grupo de Fausto Fawcett, apresenta um repertório "cool", de músicas próprias com parcerias de Suba, BID, Dé e Pedro Luís, só para citar alguns. Há ainda versões para "A Rã", "Sonho" (de Egberto Gismonti), "Mora na Filosofia" e "Down By the Water" (PJ Harvey), tudo com uma roupagem moderna, com arranjos eletrônicos e distorções de guitarra. Sem falar que Madame, além de ter ótima voz, canta de forma elegante, com muita classe e presença marcante de palco.
Comprei o DVD sem nunca ter ouvido Kátia B. cantar em projeto solo, mas já tinha lido críticas elogiosas sobre seus shows em São Paulo. Aquisição preciosa, pois foi um dos melhores dvds musicais que tive a oportunidade de assistir em 2006.

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Godard, Truffaut e a "Nouvelle Vague"






Por esses dias tive finalmente a oportunidade de assistir a dois filmaços que fazem parte de um movimento cinematográfico surgido na França, que ganhou força no final de década de 50, conhecido pelo nome de "Nouvelle Vague": "Acossado" (A Bout de Souffle) de Jean-Luc Godard e "Os Incompreendidos" (Les Quatre Cents Coup), de François Truffaut.
Tais filmes são ícones dessa, por assim dizer, revolução cinematográfica francesa, que provocou uma ruptura na tradicional ótica dos diretores e na forma de atuar dos atores. Passou-se a valorizar as locações externas, o modo solto e mais improvisado de atuação dos atores, a liberdade das câmeras, os "Jumps cuts" (em "Acossado", Godard sentou-se em uma cadeira de rodas para obter tomadas incomuns), a edição eliptíca (quando o diretor percebia que não era possível obter uma tomada realística, editava a cena, filmando apenas o que era possível com os recursos disponíveis). O filme tornou-se autoral e o diretor o responsável pela obra. As escolhas cabiam aos diretores e os roteiros eram desenvolvidos priorizando mais o modo como a história era contada do que a história em si. Truffaut, certa vez, em uma entrevista concedida, disse que a "Nouvelle Vague" na verdade não existia porque tudo se deu de forma involuntária, sem um "estilo" uniforme de direção ou atuação, mas admitiu haver características em comum em vários filmes de diretores da época, porque partilhavam das mesmas idéias, gostavam dos mesmos filmes e criticavam o tradicionalismo francês. Características como a desenvoltura na narrativa, com diálogos sem sentido, irônicos, provocadores e até mesmo amorais, as colagens inusitadas, as tomadas fragmentadas, as cenas que mostram atos gratuitos e gestos imotivados, tudo pode ser observado nos filmes aqui referidos.
"Acossado" (1959), que ganhou a palma de ouro em Cannes de melhor diretor, conta a história do ladrão francês de quinta que adora Humphrey Bogart (Jean Paul Belmondo) e que vive de pequenos golpes e roubos. Após assassinar um guarda rodoviário, passa o filme inteiro se escondendo da polícia, com o apoio de sua cúmplice e amante Patrícia (Joan Seberg), uma vendedora de jornais, até ser delatado por um informante (vivido pelo próprio Godard).
O filme de Truffaut, "Os Incompreendidos", conta a história de Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud), um adolescente desajustado, que não consegue se adaptar na escola nem ser entendido pelos próprios pais e que vive se metendo em problemas. No fim, acaba sendo internado em um reformatório, do qual, mais tarde, consegue fugir rumo a um destino incerto.
Dois filmes emblemáticos, considerados "cult" e que fazem parte desse estilo de ruptura com a estética tradicional cinematográfica, que influenciou até Glauber Rocha e o nosso Cinema Novo, conhecido como "Nouvelle Vague".






-> Outros diretores da "Nouvelle Vague": Claude Chabrol, Jacques Rivette, Eric Rohmer, Alain Resnais.