segunda-feira, 20 de novembro de 2006

New Order no Vivo Rio


Quem esteve no show do New Order, nesta última quinta-feira (16.11), pôde assistir a mais um show histórico no Rio de Janeiro e, ainda, conferir as instalações da nova casa de shows "Vivo Rio". O que acharam? Particularmente, a casa em questão não conseguiu honrar o nome que ostenta! Aquele som, o que foi aquilo, gente? Parecia que não estávamos em um show "ao Vivo", mas numa caixa abafada (senti-me ouvindo minha velha vitrolinha vermelha da Philips, guardada as devidas proporções, claro). Eu não consegui ouvir nenhuma palavra dita pelo vocalista Bernard Sumner! Deve ter sido uma dupla decepção para aqueles que também foram ao show no Maracanãzinho em 1988, quando a banda sofreu com problemas na acústica do local!
Ao pagar duzentos reais por um ingresso de pista, imaginei, pelo menos, que veria o que há de melhor em tecnologia de som e iluminação. Nada feito. Resignada com o som tosco, prossegui tentando prestar atenção ao show. Confesso que sou mais fã do Joy Division do que do New Order e, portanto, conheço mais o repertório daquela banda do que desta última. Mesmo assim, curti demais os hits que eles tocaram: Crystal, Blue Monday, Bizarre Love Triangle, True Faith...E o Peter Hook? Ele foi um show à parte, imprimindo um modo muito particular de tocar baixo.
Mas foi quando o quarteto começou a tocar clássicos do Joy Division, como Transmission e o seu hipnótico refrão "dance, dance, dance, to the radio", She's lost control (uma homenagem ao Ian Curtis) e a minha "top ten" "Love will tear us apart", que meu coração acelerou e esqueci de tudo. Pulei, cantei e pensei: sou uma garota de sorte!

-> Minhas dicas para curtir um show : Fique longe: 1. dos fumacentos, exceto se estiver em um show de reggae, porque aí a missão se torna impossível; 2. dos fãs histéricos, que costumam cantar gritando em nossos ouvidos, como se só eles conhecessem as músicas; 3. dos cambistas, nas entradas dos shows ("Tá com ingresso sobrando? Eu compro pela metade e vendo pelo dobro!"); 4. do pessoal que foi para confraternizar e que só quer conversar com os amigos em fundo musical; 5. dos mal-educados que empurram a gente pra se infiltrar lá na frente do palco.

sábado, 18 de novembro de 2006

Parte II: um adendo

Sobre a postagem anterior, acho que gerei uma pequena polêmica quando falei que todos os meus ídolos já morreram. Foi uma constatação pessoal. Eles tiveram um estilo de vida totalmente marginal, sem regras, que obviamente está muito longe da minha realidade. Aqueles que não se mataram propriamente, o fizeram de maneira direta e voluntária, consumindo drogas pesadas, bebendo horrores, vivendo "la vida loca", como aconteceu com Jim Morrison, Hendrix, Cazuza, Billie e tantos outros artistas. Mas se nós formos analisar a época que Curtis viveu, por exemplo, fica mais fácil compreender aquela angústia toda. Além disso, ele tinha crises terríveis de epilepsia, o que o tornou um sujeito instável psicologicamente.
Concordo que o suicídio como escapismo é um ato inconseqüente e injustificável, mas cada um encara a vida de um jeito: uns com otimismo, outros não.
O que me fascina mesmo é amar a obra desses artistas acima de tudo, independentemente do que foram como pessoas, de eu viver em outra época, de ter outra visão de mundo, de discordar daquele estilo louco de vida deles... A música tem sim uma linguagem universal!
- Quem tiver a fim de saber mais sobre Joy Division, New Order e entender mais sobre o movimento punk, que surgiu no final da década de 70, acabou de ser lançado um "pocket book" com o título "Joy Division/New Order - Nada é mera coincidência.", da autora Helena Uehara. Muito bom e de rápida leitura.

terça-feira, 14 de novembro de 2006

À sombra de Ian Curtis - parte I



Estamos às vésperas do esperado show do New Order no Rio de Janeiro. Faz dezoito anos que os caras não aparecem por aqui e os fãs aguardam ansiosamente a apresentação do quarteto. Mas bem antes do show carioca ter sido anunciado eu já andava meio intrigada com a enigmática figura do falecido vocalista da extinta banda Joy Division, Ian Curtis. Que sujeito foi esse, que cantava com aquela voz soturna, amargurado e deprimido, que tinha ataques de epilepsia no palco e que se enforcou na cozinha de sua casa com apenas 23 anos? Difícil de responder e até de imaginar os verdadeiros motivos que levaram astros da música como Curtis a abdicarem da vida tão cedo. Só para relembrar, perdemos também Jim Morrison, Jimi Hendrix, Curt Cobain,Janis Joplin...E surge então a pergunta-constatação: por que os meus maiores ídolos já morreram? Como já cantava Cazuza: "Os meus heróis morreram de overdose. Meus inimigos estão no poder. Ideologia eu quero uma pra viver." Será que viver sem ter uma causa, um objetivo ou um porquê de estarmos aqui é tão insuportável e angustiante para seguirmos em frente? Para os mais sensíveis às dores do mundo, esse fardo pode ser simplesmente insustentável.


Trilha: Para entrar no clima de emoção e agonia de Ian Curtis experimente ouvir "Dead souls", do Joy Division. Agora, se estiver deprimido ou de baixo astral, fique bem longe do maravilhoso CD "Closer".

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Uma tarde no circo


Não me lembro muito bem da última vez que estive em um circo. Devia ter uns seis, sete anos. Talvez seja por isso que tenho poucas e fragmentadas lembranças circences. Mas ficaram alguns registros indeléveis na minha memória. São sensações, imagens, cheiros...Coisas sentidas e vividas pela ótica de uma criança. Eu me lembro do gosto do algodão-doce colorido, das roupas estranhas dos palhaços, do fascínio que tinha pelos trapezistas e acrobatas dando aqueles saltos mortais e piruetas, do barulho das motocicletas no número do globo da morte...Naquela época, quanto mais tosco o circo se apresentava, mais divertido era o programa para mim. Eu não era muito exigente mesmo. Nem o público que lotava a lona daqueles circos montados na década de oitenta.
Hoje o mundo mudou. Tudo envolve tecnologia e mais profissionalismo. Os circos toscos estão em extinção, dando lugar atualmente para as grandes produções. Até as apresentações estão politicamente corretas, pois não mais se admite a utlização de animais (eu adorava os elefantes adestrados!).
Sofrendo de um saudosismo dos circos de antigamente, lá estava eu, no luxuoso Cirque Du Soleil. E que circo elitista! A começar pelo preço médio dos ingressos, na faixa de R$ 250,00 reais, tudo vendido nas tendas estava a peso de Euro. Um baldinho de pipoca não saía por menos de dez reais e o preço do algodão-doce era de amargar qualquer lembrança açucarada da infância (quatro reais). Mesmo assim, estava disposta a reviver os bons tempos e, em nome deles, comprei um algodão-doce azul. Parece que o público também fazia o mesmo, porque os mais velhos esperavam pacientemente em enormes filas para comprar cachorro-quente e maçã do amor.
Todos seguiam em direção à tenda principal. O espetáculo ia começar e os palhaços, que usavam umas máscaras esquisitas (acho que se eu ainda fosse criança iria me assustar), já esquentavam a platéia com aquelas palhaçadas que nem mesmo a Angélica tinha achado graça, dias antes. Mas foi com os números dos contorcionistas e dos acrobatas que passei a fixar meus olhos - quase sem piscá-los - no picadeiro. Minhas lembranças, aos poucos, ressurgiam e pensei o quanto era lúdico estar ali. A equilibrista graciosa fazendo suas manobras na corda bamba, as mulheres trapezistas dando piruetas e saltos em pleno ar, as boleadoras argentinas, os acrobatas amarrados em cordas elásticas num lindo balé aéreo...Suspirei: estavam lá as memórias da infância, só que com uma nova roupagem, com artifícios luminosos e sonoros. E foi aí que percebi que a magia do circo não dependia daqueles recursos todos, do figurino rico, de toda aquela mega produção, apesar de toda a beleza do espetáculo, pois lá revivi as mesmas emoções de criança, como se estivesse assistindo a uma apresentação num circo tosco da Praça XI.

-> Quem quiser aproveitar o embalo, vale a dica do clássico filme "A Estrada da Vida", de Federico Fellini (vide foto do filme acima).

Para inicio de conversa...


Domingo. Odeio domingo. Procuro me ocupar lendo e ouvindo música, no meu mundinho particular: o meu sagrado quarto.
Olho no relógio: meia-noite. Mas já? Ainda quero fazer um monte de coisas e o dia terminou (ou melhor, outro acaba de começar). Estou sem sono. E agora? Nem pensar em ligar a televisão. Não agüento aquela programação de fim de noite. Fico deprimida. De repente, veio-me a idéia de escrever para alguém, anônimo, um destinatário qualquer que estivesse disposto a ler pensamentos despretensiosos de uma insone. Tal como escrever uma mensagem em uma garrafinha e arremessá-la esperançosa ao mar, torcendo para que um navegante interessado a encontre, resolvi criar um blog. Não deixa de ser uma versão revisitada da garrafinha nos nossos tempos de internet. Fiquei animada. Quem sabe um internauta qualquer - um navegante virtual - encontre as coordenadas de meu blog e capte minha mensagem inicial?
O problema é definir "A" mensagem. Na verdade, o que eu teria de tão extraordinário para transmitir pelas ondas da net nessas horas da madrugada? E se eu escrevesse: "Olá, navegante insone. Hoje é seu dia de sorte, pois você acaba de encontrar o blog da Julunar, que estava totalmente perdido pelo mar virtual, sem rumo e sem destinatários"? É, talvez não seja um mau pretexto, para início de conversa....


Dicas para ler e ilustrar essa mensagem: música "Message in a bottle" (Se você curte Sting & The Police). E se tiver obcecado pela história da garrafinha, veja também o filme "Message in a bottle" (1999), com Kevin Costner, Paul Newman e Robin Wright-Penn, numa adaptação do livro de Nicolas Sparks. Agora, só para alertar, o filme é triste até o fim.