sexta-feira, 11 de maio de 2007

"A Divina" Garbo


Estou com os dois boxes de DVDs da coleção Greta Garbo. O primeiro deles abrange atuações do início da década de 30 como em "Mata Hari"(1932) , "Grande Hotel" (1932) e "Rainha Cristina"(1933). A segunda caixa nos presenteia com o vencedor do Festival de Veneza "Anna Karenina", a comédia "Ninotchka"e o drama lacrimoso "A dama das camélias".
Acompanhar, através de seus filmes, a trajetória dessa incrível atriz sueca, iniciada no cinema mudo e que se seguiu perfeitamente adaptada ao falado - talvez com a contribuição de sua voz marcante e sensual - é um deleite para qualquer cinéfilo.
Procurei assistir aos filmes obedecendo à ordem cronológica de produção, tendo eleito como meu preferido "A Dama das Camélias" (Camille - 1937), que teve anteriormente uma versão "muda". Achei fascinante a linguagem do cinema daquela época. Muitas técnicas gestuais típicas do cinema mudo e que eram essenciais para suprir a ausência sonora, ainda podem ser observadas nessa película. Começando pelo figurino, passando pelos acessórios, penteados e maquiagem bastante dramática, tudo privilegiava o exagero. Os atores, por exemplo, usavam maquiagem à la Chaplin, com olhos marcados à lápis e muito pó de arroz, conferindo um ar meio misógino aos personagens masculinos. As atrizes apresentavam sobrancelhas arqueadas e finas e lábios pintados além de seus limites. Nada, contudo, que não fosse compreensível nessa fase de adaptação do cinema falado.
"A Dama das Camélias" é um filme que retrata com exatidão o amor romântico, onde os personagens se amam loucamente quando se olham pela primeira vez e são capazes de abdicar de suas próprias vidas para garantir a felicidade do outro. A morte acaba sendo a única solução para a transcendência desse amor que enfrenta toda a sorte de obstáculos, como o pai que quer proteger o filho, uma doença fatal, o clamor preconceituoso da sociedade... (Oh, vida cruel!). No filme, Garbo é Margarite Gautier, uma cortesã de luxo que se apaixona perdidamente por um jovem futuro herdeiro de uma fortuna incalculável (Robert Taylor), sendo esse amor igualmente correspondido. Margarite se dispõe a abrir mão de sua vida promíscua e de muitas regalias em troca de sua grande paixão, mesmo necessitando de dinheiro para quitar dívidas. Porém, como se pode imaginar, esse amor não pode ser usufruído em sua plenitude, pois Margarite padece de uma doença fatal. A essa altura, diante de todos os ingredientes imprescindíveis para um drama autêntico, qualquer cinéfilo mais sensível (como eu) já está se debulhando em lágrimas. Mas o choro é só de satisfação quando se tem Greta Garbo no papel principal. Quem precisa de "happy end"?